11 de abril de 2016

Mudanças II: minimalismo


Depois de morar um ano fora, durante meu intercâmbio, percebi que eu conseguia viver com poucas coisas e eu gostava mais de viver com menos. Quando voltei sentia meu quarto desnecessariamente abarrotado e decidi ler A Mágica da Arrumação, da Marie Kondo. Esse livro acabou me dando vários cliques de como é realmente possível viver bem com poucas coisas (e eu já estava fazendo isso há um tempo) então decidi fazer uma limpeza geral de verdade.

Nessas acabei adotando uma consciência em relação a tudo o que eu consumo. Afinal, tudo o que eu compro automaticamente são mais coisas que eu possuo e a verdade é que às vezes eu nem preciso tê-las realmente, é só um impulso consumista que eu sinto na hora. Nunca fui impulsiva na hora de comprar, sejam roupas, sapatos, comida, cosméticos, mas acontece até nas melhores famílias. O que estou tentando fazer agora é cortar de vez esse "hábito" (se é que eu posso chamar assim) e ser cada vez mais seletiva na hora de comprar.
Essa é uma medida que adotei porque, depois de um tempo, acabei ganhando uma maior consciência do que consumir. Isto é, questionar a qualidade dos produtos, de onde eles vêm, qual a mão-de-obra, se é melhor para minha saúde e outras mil e uma indagações que podemos fazer em um corredor de supermercado. E muitas das vezes, acabei frustrada, pois, veja bem, não existe nenhum produto perfeito. Às vezes ele possui químicos que fazem mal para nós, outros contribuíram com a mão-de-obra escrava, foram testados em animais, ou possuem um preço exorbitante. Não dá sempre para ser correta em todas as nossas escolhas, mas tento fazer o possível que a minha seja a mais correta dentro das minhas condições.

Lembro que há algum tempo me deparei com um texto muito interessante sobre capitalismo, que pode ser lido aqui. Antes já havia achado esse texto muito pertinente e agora não tenho como concordar mais. Gustavo Tanaka, o autor, questiona o sistema capitalista: a desigualdade social, o esgotamento dos recursos do nosso planeta, a infelicidade de grande parte da população, um sistema que busca apenas o crescimento e o lucro e que nunca fecha as contas. Pensando melhor nos meus hábitos de consumo, é natural que eu acabe pensando no sistema que é base de todo o consumismo que existe. E será que é a melhor solução para nós?

Ultimamente também tenho lido alguns trechos de O Capital de Karl Marx e outras obras que foram baseadas em sua teoria, de David Harvey, por exemplo. Antes que venham me julgar, me chamar de comunista e similares, vamos desconstruir esse pensamento preconceituoso. O que li, gostei muito. É muito difícil de sintetizar o pensamento dele em poucas palavras, mas ele basicamente explica como o sistema funciona e entendendo-o, é fácil compreender suas falhas. É uma leitura que talvez muitas pessoas não se identifiquem, que ainda possui muita resistência por grande parte das pessoas, mas eu recomendo a todos. Ninguém precisa concordar com a teoria, mas acho pertinente a todos que estão repensando suas atitudes de consumo e modo de vida.

Mas você é comunista? A gente não precisa apenas enxergar tudo preto e branco. Existem opiniões diferentes e elas não se dividem em apenas dois grupos. Quem sabe a gente, um dia, construa um mundo no qual todos possam viver mais harmoniosamente, é só o que eu queria.

Imagem: Stocksnap

12 comentários:

  1. Sempre me pesa a consciência quanto a esse assunto. Eu tenho o péssimo hábito de compensar o desânimo/melancolia com compras. Achei muito pertinente o post e me fez querer refletir melhor também sobre o que consumir.
    Beijos

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    1. Acho que comprar quando estamos tristes sempre acontece, mas desde que a compra seja de algo que estamos precisando não há nada de errado. O ruim é acumular várias coisas que não precisamos! Beijos

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  2. Desde que comecei a me desfazer de coisas que tinha percebi o quão consumi produtos desnecessários a vida inteira. Vamos criando hábitos de consumo desde que viemos ao mundo. São falsas necessidades. Mas ainda bem que a gente muda. Vou aos poucos, mas essa jornada já dura anos e posso dizer que me sinto muito melhor. Mas sei também que posso melhorar ainda mais.
    Beijos!

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    1. É sempre bom de vez em quando a gente dar uma limpada, pensar melhor... depois a gente percebe o erro e mudar um hábito para melhor dá uma satisfação muito grande! Também penso que posso melhorar mais, mas sem pressa! Beijos!

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  3. Também tenho tentado ser minimalista na vida. Acho que não preciso de tudo o que tenho, e preciso ainda menos de novas coisas pra comprar. Claro que ainda adoro comprar livros mas agora já pondero bem se preciso, se não é melhor comprar a versão pro Kobo. Menos é mais, já diria Mies, e acho que a gente - e o mundo - só tem a ganhar com essa filosofia. <3

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    1. Livros eu tentei parar de comprar (só aqueles que dá muito gosto de ver de tão lindos hahaha) porque agora com o kindle eu posso ler livros, que, sei lá, depois ficariam na minha estante só acumulando pó! E sim, less is more sempre!

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  4. Sabe que esse post me fez refletir de verdade? Realmente não existe produto perfeito e é óbvio que nem tudo que temos/compramos é realmente necessário, mas devemos cuidar para não nos encher de lixo e gastar desnecessariamente.
    Fiquei pensando que uma saída boa é vender o que já não usa mais e realmente fazer uma limpa.
    Ah, e achei legal que você lê Marx. Já ouvi falar MUITO dele, mas nunca parei pra ler e pensar sobre as teorias dele.

    Beijos,
    Bi.

    - www.naogostodeunicornios.com

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    1. Sim, vender o que a gente não usa rende uma graninha extra muito boa hehehe E se estiver a fim, indico bastante Marx, me fez pensar de uma forma totalmente diferente!
      Beijos!

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  5. Oi Bianca, eu penso muito sobre isso também e tenho tentado viver uma rotina mais minimalista, com menos consumo e acúmulo desnecessário. Super entendo o que você disse a respeito de Marx e da filosofia comunista (ou anti-capitalista); eu li bastante a respeito na época da faculdade e acho que faz MUITO sentido sim. Agora o negócio é colocar em prática mesmo (eu sempre falo que não adianta nada ter um Pinterest todo minimalista e uma vida toda cheia de tranqueiras, rs...). Beijo :*

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    1. hhahaha é verdade, meu pinterest já é todo meio minimalista, mas botar em prática é bem mais divertido do que parece :)

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  6. Já faz um tempo que venho querendo tirar os excessos da minha vida. Acredito que posso viver bem e feliz com pouco, mas ao mesmo tempo que embarco nessa fase, vejo muita gente virando minimalista porque "minimalismo está na moda", é chato...
    Enfim, seu texto é ótimo e super reflexivo!

    Um beijo enorme ❤

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    1. Ser minimalista por moda é besteira! Eu gosto de viver com o suficiente pra mim (e o suficiente varia de pessoa pra pessoa). Minimalismo não é reduzir a um número x, mas estar contente com as coisas que a gente tem :)
      Beijo!

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