16 de abril de 2016

mudanças III: moda


Apesar de desde pequena eu prestar atenção em como eu me vestia, nem sempre eu tinha noção de qual era o meu estilo. Acho que quando somos mais novos, temos muitas influências vindas dos nossos pais, programas de TV, nossos ídolos e nossos amigos e é difícil lidar com tantas referências, fazendo tudo ornar. Até mesmo a questão do corpo influencia muito, porque na adolescência o nosso corpo começa a mudar e de repente o que ficava legal não serve mais ou fica esquisito. Eu tinha muita dificuldade em comprar roupas para mim mesma porque eu não sabia do que eu gostava e nem o que ficava bom em mim.

Quando fiquei mais velha eu já entendia melhor o que ficava bem no meu corpo e aos poucos fui moldando o meu jeito de me vestir. Tenho que dizer que muito foi graças a um jogo de bonecas virtual, chamado Poupée Girl, no qual cada pessoa tinha uma conta e um closet de roupinhas virtuais. Ter contato com uma variedade grande de roupas (afinal, o jogo era de graça) eu fui percebendo aos poucos que muitas das peças que eu gostava eram paixões passageiras e os itens que eu mais usava eram os mais versáteis. Pensando nisso, antes de ir para a loja eu já sabia que peças eu gostaria de comprar, porque eu com certeza usaria bem mais do que uma peça que eu compraria por simples impulso.

Aos poucos fui aperfeiçoando meu armário (pois é difícil comprar um closet dos $onhos de uma vez) e hoje estou com um número de roupas bem mais seleto do que antes. O meu objetivo é manter um armário sempre compacto e bem organizado, sem possuir mais aquelas peças que ficam encalhadas, sem uso. Nada mais de possuir blusas que só combinam com um tipo de evento, com uma saia específico ou só ficam bem com uma certa cor, quero roupas mais versáteis, que eu consiga usar sempre e, principalmente, eu me sinta bem nelas.

Essa onda de armário mais minimalista eu imagino que tenha vindo do armário cápsula, que consiste em reduzir o número de peças a um número e tentar usar apenas elas durante um tempo estipulado (talvez uma semana, um mês, uma estação). Como eu já tenho tendência a ser mais seleta com as minhas roupas, achei um pouco desnecessário criar regras para meu armário, porque talvez minha diversão acabasse por se tornar um estorvo e uma obrigação. Mas eu imagino que para quem está começando a pensar mais nisso seja uma boa ideia, para observar quais peças costumamos usar com frequência.

Ao tentar diminuir meu guarda-roupa, percebi que algumas peças eu usava muitas e muitas vezes e isso me influenciou a buscar peças-chave que sejam de boa qualidade. Eu, pelo menos, já tive vários sapatos, blusas e calças que eu usava, usava e usava e mesmo com a peça surrada eu era feliz porque eu sabia que aquela roupa ficava muito bem em mim! E na hora de adeus, eu fazia com o coração muito apertado. Mas foi assim que eu descobri que aquela compra tinha valido à pena. Assim, quando invisto em algo que sei que vou usar com frequência (um sapato ou uma bolsa, por exemplo), não fico me sentindo mal por ter gasto tanto dinheiro, afinal, se eu gostei muito, vou usar bastante e vai durar muito, por que se sentir triste?

Outro fator que me fez diminuir minhas compras foi a questão da mão-de-obra utilizada para fabricar as peças que eu uso. Por muito tempo me senti culpada de contribuir com mão-de-obra escrava de algumas marcas. É difícil encontrar alguma que não se beneficie dela, mesmo em comércios locais, como no Bom Retiro. Pensando melhor a respeito, decidi que quanto mais consciente forem minhas compras, menos peças eu teria de comprar, e assim, contribuiria cada vez menos a essa indústria. Mesmo se eu fosse à uma costureira, de onde vem o tecido? Ele é fabricado com mão-de-obra digna? Hoje eu duvido muito da origem e fabricação de várias coisas, e é difícil boicotar absolutamente tudo. Por mais que seja uma mudança pequena, há uma certa satisfação em contribuir, mesmo que seja à minha maneira.

Espero que esse post seja uma reflexão para pessoas que, assim como eu, amam estar bem vestidas mas preocupam-se com a sociedade e o planeta. Bisous!

Imagem: unsplash

8 comentários:

  1. Oi Bianca, acho que a gente passa a se importar mais com o caimento das peças e com a nossa maneira de se vestir em geral quando ficamos mais velhas mesmo. Assim como aumenta a nossa preocupação com a procedência das roupas, dos tecidos... Que bom, né? :)

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    1. Sim, acho que com a maturidade a gente acaba entendendo mais o nosso próprio gosto!

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  2. Quando estamos crescendo é mesmo muito difícil definir um estilo. Acabamos misturando as referências que recebemos de todos os lados (amigos, mãe, televisão!) e vira uma salada onde nada combina muito bem. Mas eu confesso que até hoje tenho um pouco dificuldade de escolher o que combina comigo, mesmo me conhecendo melhor do que na época da adolescência. Acho que o problema, na real, é encontrar as roupas do Pinterest nas lojas da cidade, haha!

    E, ó, não tem que agradecer eu ter compartilhado seu post! Estou adorando acompanhar sua caminhada e sempre me deixa inspirada a seguir junto. <3

    Um beijo!

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    1. Realmente, eu gostaria de ter tudo que tem nos meus boards do pinterest, mas difícil, né? Às vezes nas lojas aparece alguma coisa mais ou menos o que eu estava procurando e já tento comprar, se não fico pra sempre me remoendo que não comprei!

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  3. Acho que a proposta do armário cápsula também não funcionaria comigo, justamente porque estabelecer um número e ter que segui-lo se transformaria numa obrigação, e a diversão se perderia. Além disso eu também não compro muitas peças, e quando compro procuro me certificar de que são de boa qualidade, duráveis, ficam bem em mim e vou poder usá-las muitas e muitas vezes.
    Interessante você ter mencionado sobre a origem e a mão-de-obra escrava envolvida na produção da roupa. Acredito que ainda exista pouca informação sobre isso, e é difícil saber exatamente como uma roupa foi feita (se não houve exploração de mão-de-obra na produção do tecido, dos acabamentos, da produção da peça propriamente, etc.). Eu penso um pouco nisso e também na questão do meio ambiente, afinal não adianta pagar barato numa peça que não vai durar, será descartada em pouco tempo e vai ficar por aí poluindo o planeta!
    Excelente post!
    Beijo

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    1. Sobre a questão de mão-de-obra , tem um documentário muito legal chamado "The True Cost"! Ele explica direitinho a indústria do fast-fashion e os problemas que isso causa ao meio ambiente e aos países em desenvolvimento!
      Beijo!

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  4. Bi, que post absolutamente incrível.
    Quantidade não é mesmo qualidade e quando o nosso estilo amadurece isso fica bem claro!
    Eu já tava lendo o último parágrafo pensando em te indicar The True Cost, vim aqui e pá! cê já tava recomendando nos comentários, hahaha. Tudo bem, deixo meu comentário chocho e sem indicação de documentário massa sobre o real preço da moda. Valeu a intenção.

    Beijinhos!

    blogdeclara.com

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    1. Imagina, adoro receber indicações :) Eu também assisti uma série sobre adolescentes europeus que experimentam a jornada de trabalho das pessoas que trabalham nas fábricas de roupa, mas o The True Cost é bem mais interessante!
      Beijos!

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